quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A dependência da América Latina

Introdução :

A América Latina compreende todos os países do continente americano que falam espanhol, português ou francês, bem como outros idiomas derivados do latim. Compreende a quase totalidade da América do Sul (exceto Guiana e Suriname, que são países germânicos), da América Central (exceto Belize) e alguns países do Caribe como Cuba, Haiti e República Dominicana. Da América do Norte, apenas o México é considerado como parte da América Latina.Os demais países americanos restantes tiveram colonização majoritariamente anglo-saxônica, com exceção do Québec, que é de colonização francesa (portanto, latina) e dos estados do sudoeste dos Estados Unidos, de colonização espanhola, além da Louisiana, que tem colonização francesa.A América Latina engloba 21 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Dominica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Ainda na América Latina existem mais 11 territórios que não são independentes e portanto não podem ser considerados países.A expressão América Latina teria sido cunhada pelo imperador francês Napoleão III, que citou a região e a Indochina como áreas de expansão da França na metade do século 19. Deve-se também observar que na mesma época foi criado o conceito de Europa Latina, que englobaria as regiões de predomínio de línguas românicas. Pesquisa sobre a expressão conduzem a Michel Chevalier, que mencionou o termo América Latina em 1836, durante missão diplomática feita aos Estados Unidos e ao México.Nos Estados Unidos, o termo não foi usado até o final do século 19, e só se tornou comum para designar a região ao sul daquele país já no início do século 20. Ao final da Segunda Guerra Mundial, a criação da CEPAL consolidou o uso da expressão como sinônimo dos países menos desenvolvidos dos continentes americanos, e tem, em conseqüência, um significado mais próximo da economia e dos assuntos sociais. Convém observar que a ONU reconhece a existência de dois continentes: América do Sul, e América do Norte, sendo que esta última se subdivide em Caribe, América Central e América do Norte propriamente dita, englobando México, Estados Unidos e Canadá, além das ilhas de Saint Pierre et Miquelon, Bermudas e a Groenlândia.Além disso, ao contrário do que se pode pensar do uso do termo, embora partilhe laços e heranças comuns, a chamada América Latina não é uma região unida . Na verdade, seus povos diferem em mais aspectos do que se assemelham, pouco se conhecem entre si e alguns nutrem graves rivalidades.Demografia=A América Latina atualmente apresenta uma grande miscigenação étnica. Foi primeiramente povoada pelos povos conhecidos como ameríndios, ou os povos pré-colombianos. A partir do século XVI, os europeus começaram a povoar a América Latina. Majoritariamente, espanhóis e portugueses vieram dos dois países ibéricos para suas colônias. Mais tarde, a conquista da África subsaariana pelos europeus, e a eventual escravização dos africanos negros, fez com que muitos africanos migrassem forçosamente para colônias - principalmente o Brasil e o Caribe.Essas migrações fizeram de toda a América Latina uma região extremamente plural em sua composição étnica. Em todos os países é possível encontrar presença dos povos que habitavam o continente americano antes da vinda dos europeus: no México, por exemplo, ainda é grande a herança e a influência da civilização Asteca. Os peruanos também têm forte influência da civilização Inca, antiga habitante do oeste da América do Sul. Peru, Guatemala e Bolívia são os países da América Latina cuja maioria da população é descendente de ameríndios.A cultura negra também é muito presente na América Latina. Os dois maiores exemplos de presença africana na América Latina são o Haiti e o Brasil. O primeiro é um país notadamente negro: a maioria da população é negra, quase não havendo grandes populações brancas (apesar da colonização francesa e do idioma pátrio do Haiti, o francês). Países das Caraíbas receberam grandes migrações de negros africanos. O Brasil também tem grandes concentrações de descendentes de negros africanos: o estado brasileiro da Bahia é a região brasileira que mais tem influência. Muito da cultura baiana é fortemente influenciada pela cultura dos escravos negros africanos.Após a segunda metade do século XIX, o sul da América Latina (a região do Cone Sul da América do Sul) recebeu nova leva de imigração européia, devido a situações políticas na Europa. Assim, majoritariamente, italianos, espanhóis, portugueses, alemães e irlandeses se assentaram na Argentina, Uruguai, Paraguai e no sul e sudeste do Brasil. Aproximadamente no mesmo período, muitos povos do Oriente Médio (como libaneses, sírios, turcos) e do Extremo Oriente (chineses e japoneses) migraram, em grande maioria para o Brasil.
A Economia da América Latina
Agricultura A agricultura de subsistência era a principal atividade econômica dos povos originais da América Latina, Essa atividade era complementada pela caça, pela pesca em rios e lagos e pala coleta de frutos e raízes. A colonização européia introduziu a lavoura comercial, destinada aos mercados europeus e com exclusiva finalidade do lucro. Surgiu então uma nova forma de atividade agrícola na América Latina. Com o passar do tempo, tanto a agricultura, de origem européia sofreram modificações. Mesmo assim, elas persistem até hoje. Por isso, podemos identificar duas formas principais de uso da terra na América Latina: uma, destinada principalmente a atender o mercado interno; outra, voltada para a exportação, tanto para os Estados Unidos e Canadá quanto para os demais países desenvolvidos. Agricultura Moderna Nos últimos decênios, alguns países da América Latina têm sofrido grandes mudanças na forma de utilização agrícola do espaço. Tais mudanças são causadas pelo surgimento de uma agricultura moderna, ou seja, praticada com o emprego de máquinas, uso de fertilizantes e de sementes selecionadas, aplicação de defensivos agrícolas (produtos químicos destinados a combater as pragas da lavoura) etc... Pecuária Os europeus introduziram a pecuária na América Latina como uma atividade secundaria. Contudo, a criação de bovinos e ovinos desenvolveu-se enormemente na planície Platina, favorecida pela existência de ótimas pastagens naturais. Por isso, desde muito tempo, o Uruguai e sobretudo a Argentina são exportadores de carne, lã e couro. Nesses países, são criados animais de origem européia, adaptados ao clima temperado. Aí a pecuária é feita de modo mais ou menos intensivo. No século atual, a pecuária desenvolveu-se em outras áreas da América Latina, onde são criados bovinos da raça zebu, adaptados ao ambiente da regiões tropicais do continente. Nos cerrados do Brasil e nos Ihanos da Venezuela e da Colômbia, os bovinos encontraram razoáveis condições de desenvolvimento. Hoje o Brasil possui um dos maiores rebanhos do mundo e a criação, apesar de extensiva, vem sendo aos poucos melhorada, através da importação da raças indianas e da utilização de pastagens cultivadas.Extrativismo e Mineração A América Latina possui numerosos e grandes recursos minerais, sendo que muitos deles ainda não são explorados. Além disso, é provável que a riqueza mineral seja maior do que se sabe, pois o subsolo latino-americano não é bem conhecido, por causa da falta de maiores pesquisas. A exploração mineral para fins comerciais começou com a vinda do europeus. Os espanhóis organizaram grandes empreendimentos para extrair os minerais e leva-los para a Europa. No século XVIII, os portugueses exploraram grande parte do ouro que existia no Estado de Minas Gerais. No século passado, depois da independência política dos países latino-americanos, a exploração mineral passou a ser feita por empresas européias , principalmente inglesas. No século atual, muitas empresas norte-americanas receberam permissão para extrair e exportar diversos minerais da América Latina. Hoje em dia, alguns países dependem muito das exportações de um ou outro mineral. É o caso, por exemplo, da Bolívia, do Suriname e da Guiana, que dependem do estanho, extraído da cassiterita. O Chile depende do Cobre, e a Jamaica depende da bauxita, da qual se extraí o alumínio. O México e a Venezuela, apesar de terem uma economia mais ou menos diversificada, têm no petróleo um produto importante em sua vendas ao estrangeiro. Indústrias No conjunto, a América Latina tem poucas indústrias. As principais são as seguintes: Indústrias Tradicionais São as indústrias leves e de bens de consumo, ou seja, destinada a satisfazer às necessidades elementares da população. As principais são as indústrias de produtos alimentícios e a indústria têxtil. São chamadas tradicionais porque são indústrias antigas, que surgem junto com o crescimento da população das cidades. São encontradas em quase todos os países latino-americanos e estão localizadas em suas cidades principais. Indústrias de Beneficiamento São as industrias ligadas ao preparo de matérias-primas destinadas à exportação. Geralmente estão instaladas perto dos portos de embarque. Exemplo: Beneficiamento de minério e fabricação do açúcar de cana. Além dessas, vários países possuem algumas industrias pesadas e de bens duráveis, como de aparelhos domésticos, motores etc. Por isso, dizemos que na América Latina existem centros industriais, isto é, conjuntos de indústrias de bens de consumo e algumas indústrias pesadas e de bens duráveis.
Somente três países possuem conjuntos de muitas e variadas indústrias, inclusive algumas indústrias de base, como a indústria siderúrgica, a de produtos químicos etc. Por isso dizemos que esses países possuem parques industriais. São eles: O Brasil, a Argentina, e o México.
A dependência da América Latina
Durante o século XIX, a América Latina sob o governo da coroa da Espanha iniciou o processo de independência dos diversos territórios.
Para as elites da América espanhola, representada pelos criollos (descendentes de espanhóis nascidos na América) o importante era romper com a metrópole monopolista, que lhes dificultava as transações mercantis, sobretudo com a Inglaterra.
O apoio inglês foi decisivo para a emancipação latino-americana, interessada na ampliação de mercados para seus produtos industrializados. Também a Doutrina Monroe, instituída pelos Estados Unidos, que se definiu na seguinte frase “A América para os americanos”, ajudou a consolidar a independência latino-americana, ao apoiar a guerra de libertação dos criollos.
Foi entre 1817 e 1825 que se processou a revolução vitoriosa que libertou a maioria dos países latino-americanos. Seus líderes foram Simon Bolívar e José de San Martín, que percorreram quase toda a América Latina.
Bolivar, o Libertador, era um exemplo da elite criolla. A partir da Venezuela, partiu para o Peru e daí para o Sul, comandando a libertação da América Latina.
A Argentina proclamou sua independência em 1816, concretizando o processo com os êxitos militares de San Martín. A partir da Argentina, San Martín, comandando 5 mil homens no chamado Exército dos Andes, marchou para o Norte, libertando o Chile. Dirigindo-se para o Peru, principal centro de resistência espanhola, acompanhado pelo mercenário inglês Lord Cochrane, San Martín alcançou e libertou Lima.
Embora acabassem com o pacto colonial e obtivessem sua liberdade política, os novos Estados latinos assumiam uma nova forma de dependência econômica, agora com os interesses do desenvolvimento capitalista, sobretudo o inglês, fornecendo matérias-primas à Inglaterra e consumindo seus produtos manufaturados.

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